Bebes poesia, respira-la como se as letras fossem o teu oxigénio. Sente-la na ponta dos dedos e na boca molhada de beijos. A tua pele sente o toque das frases que se deitam sobre o teu corpo como versos acesos em chamas incandescentes. Não há prazer mais sublime que no ventre pousar o livro dos sentidos, feito de derivas e rimas imperfeitas como os corpos que vestimos.

Eu não te sei, só te sinto, mas ainda assim era capaz de desenhar-te de olhos fechados só pelo cheiro que emanam os teus versos. Saberia de cor se a pele se arrepia de frio ou dessa inconstância poética com que te jorram dos dedos as prosas, com que te escorrem pelas fendas as semânticas e a forma como se soltam os rios de letras qual orgásticos poemas por ser ditos.

Essa é a poesia que te preenche as vísceras e é com ela que me visto.

© 2021 - António Almas





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