Nos teus lábios a ponta dos meus dedos colhe a saliva que como tinta escreve a descida vertiginosa entre as bocas. Risco-te do pescoço até ao ventre com a ponta da unha numa recta nua por entre seios e gemidos. É consentido este trajecto que a língua impulsiona cravada na carne húmida do teu vício. Sou o braço que abraças a cada vagido, deslizando lentamente, por entre os arrepios, escondendo-se, recolhendo ao sítio onde confluem os teus rios.

Já não és apenas corpo sentando sobre o meu rosto, pairas como se fosses fogo por entre as labaredas dos meus dedos. Vem, consome-te neste bramido, deixa que devore as tuas entranhas como um leão faminto.

© 2022 - António Almas



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