Quando me foco no teu olhar consigo entrar-te no corpo, descer-te pelas cordas vocais e mergulhar profundamente na essência do teu sangue, percorrer-te num minuto e abrigar-me no lugar secreto da tua alma.

Quando te olho com os olhos fechados consigo sentir as ondas que se espraiam nos meus sentidos como pequenas vagas chamando pelo meu espírito.

Quando me centro no espaço-tempo consigo viajar pela tua luz, descer às tuas sombras e subir ao céu da tua fragrância sem que que faça o menor esforço, porque o fluido de que és feita pertence à mesma fonte de onde nasci há séculos atrás.

Os meus dedos tocam levemente a pele do teu corpo humano como se fossem sopros de além-mar, como a chuva quando te molha e o Sol te seca depois. Sente-me como sentes a Natureza, percebe-me como percebes as flores quando desabrocham e olha-me como olhas para dentro do teu próprio corpo.

© 2021 - António Almas