Fecho os braços sobre o teu corpo como se fossem portas dum lugar sacrossanto. Envolvo-te a pele num silêncio húmido e os lábios derramam-se como cera morna sobre os contornos do que és. Há algo de luminescência neste instante, um brilho premente que quer escapar às garras da penumbra. Os dentes prendem-se na curva eriçada da tua garganta enquanto te lavro o terreno fértil com o arado firme da minha intenção. Quebras-me como se tivesses partido um cristal, estilhaço-me em mil gotas de fragrância, na ânsia de te encharcar a epiderme como a génese do prazer. Escorres em catadupas de fogo e asperges-me a boca com a água abençoada da tua nascente. Não digas nada, respira, inspira-me e exala-te.

© 2021 - António Almas




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