Despojou-se de roupas e todos os resquícios civilizacionais. Ficou nu, como nascera, como vivera. Na mão um pedaço de giz serviu-lhe para desenhar um círculo em redor e dentro dele dois triângulos invertidos formando uma estrela de seis pontas. Escrevera uns caracteres que nem ele mesmo conhecia e acendera uma vela no vértice de cada ângulo.
Sentou-se, a luz trémula projectava a sombra do seu corpo nas paredes à volta. Fechou os olhos, começou uma ladainha imperceptível, não era um canto nem uma prece, eram apenas sons sem nexo, uma certa vibração que agitava as chamas e ao mesmo tempo acalmava o bater do seu coração. Deixou de sentir o corpo e o tempo, o frio e o calor, a sua alma desprendeu-se e subiu em direcção ao tecto onde outra alma esperava por si. Não disse adeus, partiu rumo à sua origem.
© 2021 - António Almas
Todas as sua dores terminaram...foram-se com as suas vestes...
ResponderEliminarNa sua nudez voluntária o corpo já não existia...apenas ficou a alma...essa permanecerá eternamente entre nós...
Abraço...
Isabel Bastos Nunes.
Sem dúvida Isabel, a Alma é a essência do ser e como tal, não se perde quando o corpo colapsa, ela subsiste e segue rumo a uma nova vivência. Obrigado pelo seu comentário. Um abraço.
Eliminarpudesse o nosso corpo ser tão leve como a alma. <3
ResponderEliminarÉ verdade Ruth, obrigado pela leitura. _/\_
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