Não sei de onde me nasces, onde me morres, mas sei que moras aqui, na parte infinitesimal do meu eu. És a ausência de som, a escuridão e a luz, és a chuva e a enxurrada, a lágrima salgada e as veias por onde me escorres.

Às vezes sinto dor, profunda e pungente, uma dor que não há quem aguente. De tão funda e enraizada que estás, levas-me à loucura, ao desejo de desligar o corpo à beira duma falésia e precipitar-me nesse abismo que criaste ao vir e ficar.

Eu sei que és como o meu coração, não vivo se o arrancar com as minhas mãos, não o aguento em tamanha pulsação, dois lados do mesmo lado, duas realidades do mesmo sonho, és crer sem querer, uma vontade insana de te ter, mesmo sabendo que és veneno e matas.

© 2021 - António Almas




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