Escuto o teu coração, ele bate num compasso lento, quase inaudível, quase dormente. Marca o ritmo do teu pensamento e essa tua vontade de ser vento para soprar as ondas do mar. Já foste caravela, luar de Agosto e vela acesa na madrugada escura. Já foste feiticeira, mulher extasiante e donzela pura. Hoje és palavra, rima e verso, és o Poeta em sofrimento e o riso disfarçado como unguento.

Admiro-te, pelo que sinto por dentro, pela mulher que te habita e pelos sentidos que te fazem parecer perdida. Vejo-te por entre os espaços das letras, nas entrelinhas dos versos, tu para mim és toda Verbo e o que de ti bebo é o néctar divino do teu corpo de fêmea, ardente e sôfrega como uma Vénus de Milo.

Dilata-te, faz-te livro, ser vivo entre as folhas brancas desta árvore a que chamamos vida.

© 2021 - António Almas



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