Já não sei como te encontrei, se numa caminhada à beira-mar, se foste tu que entraste planície adentro procurando a sombra fresca do meu corpo. Sei que já passou uma vida, que já fomos quase tudo, embora continuemos sendo quase nada. Amizade, amor e saudade fazem parte da nossa essência. Já te trouxe pela mão, já te escutei com atenção, idolatrei-te como deusa e até me atrevi a beijar-te os lábios de raspão.

Somos como o mar, eu onda que vem e vai, tu sereia que te escondes no profundo esconderijo da solidão e apareces na proa do meu navio de quando em quando.

Este silêncio que acontece depois do trovão é pura meditação, um acto de contrição que nos leva a equilibrar a euforia com a calmaria de sermos apenas gente, quase tão comum como todos, quase tão complexa como muitos.

© António Almas



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