Amanheceu, no céu o astro rei ilumina-me, na sua rota ascendente em mim, queima-me a pele e incendeia-me a alma num ritual de purificação ancestral que faz das cinzas vida, recriando-me. Estes raios são cordas soltas dos teus longos cabelos que me abraçam e me enleiam nos pensamentos mágicos da tua ancestralidade.

Depois choves, como se o mar se abrisse sobre o pó de mim, germinando-me qual semente dormente em terra ávida e prenhe, nasço-te no ventre, como filho, homem e amante feito pelo teu próprio sangue que é corrente, rio titubeante por entre as montanhas dos teus seios nus.

Abraço-te, amarras-me à tua pele como se te vestisse inteira, beijas-me num ritual humano, maternal e adormeces-me em teus braços neste sentido dúbio que nos habita, nesta sensação entre a paixão ancestral e a vontade carnal de sermos vivos, um no outro, um com o outro.


© 2021 - António Almas






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