Sabes o gosto das uvas quando atingem o ponto de maturação? O sabor da fruta quando ainda está dependurada da árvore? Essa doçura prestes a derramar-se mosto, a fazer-se fluido, a adornar-nos o gosto, é nela que saboreio as pétalas da tua poesia.

Não colho as rosas da minha roseira, deixo que se desfolhem presas à terra, prefiro admirá-las de botão a pétala, sentir-lhes o perfume e ver como o carmim desvanece à medida que os dias avançam. Essa é a admiração que te tenho, apreciar a tua beleza, a forma como compões e devolves o que a Terra te entrega quando caminhas descalça nos jardins do tempo.

Daqui desta cadeira em pleno jardim, olho-te todos os dias, do nascer ao pôr-do-sol, inebriado pela fragrância da menina que trazes dentro, da mulher que te veste e da alma de luz que te habita.


© 2021 - António Almas




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