Não há um limite ao tamanho do Ser, ao invés do corpo que se restringe aos limites da pele, a essência é como a fragrância de um bom perfume, esparsa-se no ar e pode invadir toda a atmosfera envolvente.

Quando eu digo que És estou a falar-te na perspectiva do essencial, do que te faz diferente, do que te faz premente na arquitectura da palavra e na forma poética como a sentes.

Um copo de vinho maduro tem uma estética profunda, alarga-se para que o néctar se dilua no ar e estreita-se na boca como que convidando o provador a beijá-lo, concatenando ali todos os aromas. Assim és tu, abres-nos a poesia e depois estreitas-nos nas letras apertadas de cada verso, como se nos beijasses com a rítmica de cada linha difusa.

© 2021 - António Almas